CONFERÊNCIA NEWW
CULTURA, LITERATURA, MEMÓRIA E IDENTIDADES
Centenário de
CLÁUDIA DE CAMPOS
1859/1916
Curriculo dos Presidentes de Mesa
José Eduardo Franco
Doutorado em História e Civilização pela École des Hautes Études en Sciences Sociales of Paris e doutorado em Cultura pela Universidade de Aveiro, é investigador e historiador, dirigindo a área 7 do Clepul (Metamorfoses da Herança Cultural), de que foi director (2012-2015), e a Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares, Atlânticos e a Globalização, com equiparação a Professor Catedrático da Universidade Aberta. Tem vasta obra publicada, com especial incidência nas investigações originais no domínio da mitologia e história portuguesas, nomeadamente sobre os jesuítas e a História das Ordens Religiosas em Portugal e a controvérsias culturais que marcaram a Cultura portuguesa. É responsável pela publicação integral e edição, em 2011, da documentação portuguesa presente nos Arquivos Secretos do Vaticano (3 vols.), pela edição da obra completa de Padre António Vieira em 30 volumes (2015), e pela edição da obra completa de Marquês de Pombal. Em Setembro de 2015 foi condecorado com a Medalha de Mérito Cultural pelo Secretário de Estado da Cultura José Barreto Xavier.
Ana Paiva Morais
Professora associada com agregação de Literatura e Cultura francesas e Literatura portuguesa medieval na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e doutorada em Literatura Medieval Francesa. É coordenadora, na FCSH, do curso de mestrado “Crossways in European Humanities” (Programa Erasmus Mundus), em colaboração com Teresa Sousa de Almeida desde 2015 e coordenadora científica do IELT - Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, desde 2015. Tem dedicado trabalho de investigação, principalmente, sobre a narrativa breve medieval, em especial das literaturas francesa e portuguesa, centrando-se também na recepção dos textos medievais na literatura moderna e contemporânea e nas relações entre a literatura medieval e a literatura tradicional.
Beatriz Weigert
Professora aposentada da Universidade de Évora e membro integrante do CLEPUL. Doutorada pela Universidade Nova de Lisboa, com uma tese já publicada intitulada Retórica e Carnavalização: Nélida Piñon e Maria Velho da Costa. Atenta aos temas da retórica e do riso, é estudiosa das Literaturas da Língua Portuguesa, dedicando-se, também, à escrita das mulheres. Seu trabalho de investigação tem sido divulgado, no país e no estrangeiro, em publicações de órgãos especializados e em eventos científicos e culturais.
Vania Pinheiro Chaves
Professora aposentada desde 2011, fez Mestrado e o Doutoramento centrados na obra poética de José Basílio da Gama, publicados sob os títulos O Uraguai e a Fundação da Literatura Brasileira (1997) e O Despertar do Gênio Brasileiro (2000). Tendo várias obras publicadas dentro da temática da cultura e literatura brasileiras, coordena atualmente o Grupo de Investigação 6 do CLEPUL (Brasil-Portugal. Cultura, Literatura e Memória), onde trabalha em parceria com investigadores de várias Universidades brasileiras. Desde 2008, partilha com a Professora Doutora Maria Eunice Moreira a edição da revista Navegações (Porto Alegre, PUCRS).
Carlos Carranca
Licenciado em História, é professor auxiliar convidado da Universidade Lusófona, docente da Escola Superior de Educação Almeida Garrett, da Escola Profissional de Teatro de Cascais e professor no Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias. É poeta, ensaísta, declamador, cantor e animador cultural. Foi Presidente da Direção da Sociedade de Língua Portuguesa, de 1998 a 2001 e fundador e membro da direção do Círculo Cultural Miguel Torga. Tem larga obra publicada no ramo do ensaio e da poesia, tendo também organizado várias antologias poéticas. Em 7 de Junho de 2002, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Município de Cascais.
Maria José Meira
Professora Assistente em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mestre em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea (com a tese "Os limiares da ficção narrativa de Mário de Sá-Carneiro: do paratexto ao incipit"), completou o seu doutoramento em 2009, em Estudos de Literatura e de Cultura (Ensino da Literatura), na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a tese "Para uma pedagogia integrada do ensino da língua e da literatura a falantes não nativos: A escrita ficcional de David Mourão-Ferreira". É organizadora, com Ana Paula Laborinho e Maria Alzira Seixas, da obra A Vertigem do Oriente: modalidades discursivas no encontro de culturas (Lisboa, Cosmos, 1999).
Ana Costa Lopes
Mestre em Estudos Luso-Asiáticos na Universidade de Macau que lhe publicou a tese: Confluências e Divergências Culturais na Tradição Contística Portuguesa e Chinesa e nas Imagens Referentes à Família em Duas das Respectivas Colectâneas de Contos Populares –, bem como o CEPCEP (Univ. Cat., Lisboa). É Doutora na área da Língua e Cultura Portuguesas na Universidade Católica de Lisboa, com uma dissertação sobre as Imagens da Mulher nos Periódicos Portugueses de 1820 a 1890. Percursos da modernidade, que foi publicada pela Quimera e ganhou um Prémio Especial do Júri da Revista Máxima, em 2005. Para além de docente na Universidade Católica, também lecionou na Univ. de Macau, na Univ. Clássica de Lisboa e tem colaborado pontualmente com aulas ou seminários ou conferências na Univ. Aberta, na Univ. de Évora e na Univ. Federal de Viçosa (Brasil), dedicados a mestrandos e/ou doutorandos. É investigadora no Centro de Comunicação e Cultura e no Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (Univ. Católica).
Vasco Bonifácio
Doutorado em Quimica – especialdade de Quimica Orgânica – sob a orientação do Prof. Prabhakar e da Prof. Ana Lobo, pela FCT/UNL em 2006. Fez um pós-doutoramento na Alemanha no grupo do Prof. Scherf na area da Química de Polímeros conjugados, onde desenvolveu sensores químicos para a deteção de armas químicas. Em 2008 tornou-se investigador do programa MIT Portugal (Bioenginneering Focus area) e integrou o grupo de investigação da Prof. Ana Aguiar-Ricardo (FCT/UNL). Os seus interesses científicos são a electrónica molecular, a energia sustentável e a nanomedicina. O trabalho de investigação actual está focado no desenvolvimento de biomateriais e polímeros biocompativeis para aplicações biomédicas usando tecnologias limpas. Paralelamente tem vindo a desenvolver investigação orientada para o ensino de Química Orgânica a cegos.
Rosa Maria Fina
Doutorada em História Contemporânea com uma tese intitulada “Portugal Nocturno e a Ameaça do Dia. A ideia de noite na Cultura Portuguesa (sécs. XVIII a XX)”, prossegue os estudos de pós-doutoramento sob a égide interdisciplinar dos night-studies. Mestre em Ciências da Cultura – Cultura Artística com a dissertação Mircea Eliade e Portugal (1941-1945). Portugal, o Estado Novo e Salazar na óptica eliadeana, obra publicada em 2013, pela Pearlbooks. Tem publicações científicas na área da História Contemporânea, das Ciências da Cultura e do empreendedorismo cultural. Colabora com o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL), o Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes (IECC-PMA), com o Instituto de História Contemporânea (IHC) e com o CICS.Nova da Universidade Nova de Lisboa.
Cristina Santos
Professora Auxiliar do Departamento de Linguística e Literaturas da Universidade de Évora, de Estudos Literários, Relações Interculturais e Literaturas e Artes Visuais e a cadeira de Mestrado Criações Literárias Contemporâneas. Doutorada em Teoria da Literatura com uma tese intitulada Valos Inspiracional e Interpretação (2002), é investigadora do Centro de Estudos em Letras, da Universidade de Évora.
Resumos e notas curriculares dos participantes
Marilene Weinhardt (UFPR/CNPq) - Oradora Convidada
Eufrásia Teixeira Leite: ficcionalizações de uma brasileira que enfrentou o patriarcalismo oitocentista
Resumo: Eufrásia Teixeira Leite (1840-1930) é descendente da aristocracia brasileira, de família cuja fortuna foi amealhada inicialmente pela exploração das minas, aumentada pela produção e exportação do café e, finalmente, garantida por investimentos em títulos e ações, fase em que Eufrásia passa a responder pelo capital. Sem irmãos do sexo masculino, recebe educação pouco usual para mulheres na época. Desde cedo o pai a inicia no mundo das transações e aplicações de recursos financeiros. Órfã ainda muito jovem, passa a gerir a herança que cabe a ela e à irmã. As duas mudam-se para Paris, de onde ela só retorna no final da vida. Essa condição privilegiada do ponto de vista social e econômico teve seu custo pessoal. O envolvimento com o jurista e diplomata Joaquim Nabuco (1849-1910), originário do nordeste, político de intensa atividade em prol da abolição, limitou-se a encontros rápidos e troca de correspondência. A impossibilidade dessa paixão recíproca chegar à união legal é matéria de dois romances do século XXI, corpus da presente investigação: Mundos de Eufrásia: a história de amor entre a incrível Eufrásia Teixeira Leite e o notável Joaquim Nabuco (2009), de Cláudia Lage, e Um mapa todo seu, de Ana Maria Machado (2015). O objetivo desta abordagem é apreender como se produz rendimento romanesco e se promove a discussão da condição feminina nos processos de ficcionalização desse par amoroso, em que ela representa a fissura nos costumes patriarcais da sociedade brasileira da época, mas não produz a ruptura a ponto de instituir nova ordem que lhe permitisse a realização pessoal. Aproveita-se ainda a oportunidade para refletir sobre a caracterização da ficção histórica escrita por mulheres e sua inscrição na cena literária contemporânea.
Nota curricular: Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1982) e Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1994), com uma tese intitulada Figurações do Passado. O romance histórico contemporâneo no Sul, tendo feito também um pós-doutoramento pela Universidade de Lisboa (2006).
Actualmente, é professora sénior da Universidade Federal do Paraná e membro de comitê assessor da Fundação Araucária e da Comissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. As suas áreas de interesse recaem, sobretudo, na ficção histórica, ficção brasileira contemporânea, romances do Sul. mweinhardt@gmail.com
Ileana Mihaila (Faculty of Foreign Languages and Literatures, University of Bucharest) - Oradora Convidada
Carmen Sylva (1843-1916), reine-artiste, reine des artistes
Resumo: The main purpose of this presentation is to make a brief information about the personality of Elisabeth de Wied (29 December 1843 – 2 March 1916), Queen consort of Romania, most known by her pen-name, Carmen Sylva (`the Song of the Forest` in Latin, choose in order to remind the Latin origins of the Romanian people). She was also a gifted artist, painter, musician, writer, and her literary works (poems, theater, novels) were published and are still being re-edited in many European languages (German, Romanian, French, English, etc.). She was a great admirer of Romanian folklore and modern literature, even translating some of their masterpieces into German, English and French. She was also a great friend and protector of artists and writers, not only Romanian (musicians and composers as George Enescu and Grigoras Dinicu, poets as Vasile Alecsandri, Mihai Eminescu and many others) but also French (Pierre Loti, Louis Ulbach, Frederic Mistral). Her life was a living proof that a royal crown is not an impediment for an artist: neither to his creation, nor to a real friendship with fellow-artists.
Nota curricular: Doutorada em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da Bucareste, é historiadora literária, editora e tradutora, especializada em literatura francesa (XVI-XIX), especialmente na recepção na língua romena, tendo vasta obra de publicação neste âmbito. Os seus trabalhos estão focados principalmente na cultura do Iluminismo. ileanamihaila59@yahoo.com
Iracema Goor Xavier (PUC-SP)
A Natureza na obra de Florbela Espanca
Resumo: O objetivo deste trabalho consiste em investigar de que maneira Florbela Espanca explora a natureza por meio das sensações do corpo em sua poesia. Diferente da perspectiva da natureza na antiguidade, em Florbela, a natureza ganha outras proporções, o eu lírico quer sentir prazer em cada parte de seu corpo. Nietzsche será o filósofo que embasará nossa pesquisa no que concerne a uma nova visão de corpo, e nos ajudará a entender como o corpo entra na obra da poeta por meio da natureza. Ao final, concluímos que Florbela Espanca está bem consciente da tradição em que está inserida, mas ao trazer a natureza para sua obra traz também um fecundo diálogo entre sua terra natal e seu corpo e começa a anunciar uma introspecção e interiorização, que o corpo, enquanto terra, começa a tomar e a se apresentar como sujeito. Com esse pé na modernidade, Florbela inaugura um novo olhar, para a matéria prima até então chamada de natureza. Palavras-chave: Florbela Espanca, natureza, amor, corpo.
Nota curricular: Iracema Goor Xavier tem formação em Pedagogia e Letras pelo Centro Universitário Fundação Santo André ; especialização em Teoria e Crítica literária pela PUCSP ; pós graduação em Ensino Superior pela UNIMES ; pós graduação em psicopedagogia pela FALC; Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUCSP e membro do grupo “figurações do feminino et alli” do CNPQ, coordenado pela professora doutora Maria Lúcia Dal Farra. poetagoor@yahoo.com.br
Fabio Mario Silva (Univ. Federal do Sul e Sudeste do Pará/CLEPUL)
As epopeias de autoria feminina em Portugal
Resumo: A historiografia literária portuguesa e muitos teóricos e críticos relegaram a produção de autoria feminina, anterior ao século XX, para uma zona de invisibilidade. Quando se refere aos textos épicos isto torna-se mais problemático, visto que muitos estudiosos aceitam que “não é difícil afirmar que as mulheres não escreviam textos épicos porque não iam às guerras, que sua preferência pelo gênero memorialístico ou autobiográfico e seu profundo conhecimento dos universos do lar e do eu, era próprio à criação de uma escrita intimista” (BRANCO, 1991, p. 14). Nosso objetivo é fazer uma revista sobre as mulheres que se apropriaram do gênero épico para escrever as suas obras literárias, focando nossas análises nas obras de Bernarda Ferreira de Lacerda e Soror Maria de Mesquita Pimentel.
Nota curricular: Fabio Mario da Silva é pós-doutorando em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e bolseiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. É doutor e mestre em Literatura pela Universidade de Évora. É pesquisador do CNPq, com um projeto intitulado "Figurações do feminino: Florbela Espanca et alii", sediado na Universidade Federal de Sergipe, sob a orientação da Professora Doutora Maria Lúcia Dal Farra.
Também é investigador integrado do CLEPUL, onde é o co-responsável pelo projeto "Diálogos no Feminino", e ainda membro colaborador do CEL (Centro de Estudos em Letras), da Universidade de Évora. Lecionou na Universidade de Varsóvia (Polónia), como Professor Convidado, temáticas que envolveram as disciplinas de Literatura Brasileira, Portuguesa e Africana em Língua Portuguesa. Atualmente aprofunda o estudo da teoria da poesia, da autoria feminina portuguesa, da literatura africana feminina em língua portuguesa e a literatura de cordel de Pernambuco. Dirige, em conjunto com a Professora Cláudia Pazos Alonso (Universidade de Oxford), as Obras Completas de Florbela Espanca pela Editora Estampa (Lisboa). famamario@gmail.com
Angela Laguardia (UFMG/CLEPUL)
Entre Almanaques: a construção de um itinerário literário de autoria feminina
Resumo: Populares na segunda metade do século XIX e nas duas primeiras décadas republicanas no Brasil, os almanaques luso-brasileiros ou originários de diferentes regiões do país encerram em diferentes tipologias, sua dimensão pedagógica. Ensinando e divertindo, refletindo determinadas conjunturas históricas, sociais e políticas, eles testemunham e são guardiães do seu tempo. E neste traçado, de diferentes expressões, que apontam também para a literatura, vamos encontrar, entre seus autores e colaboradores, como eram comumente denominados, as “Senhoras Que Colaboram No Presente Almanaque”, no Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro ou simplesmente descobrir em seu índice o nome das mulheres entre os “Autores- Colaboradores do Almanaque”, no Almanaque Brasileiro Garnier ( 1903-1914). Nosso trabalho parte deste índice para refletir sobre a presença da autoria feminina e suas possíveis relações com o Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro.
Nota curricular: Professora de Literatura Brasileira, Língua Portuguesa e Professora de Yoga, é doutora em Estudos Portugueses, especialidade em Estudos Comparatistas na Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada “Vozes Femininas em A Descoberta do Mundo de Clarisse Lispector e Crónica Feminina de Inês Pedrosa”. Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais. É investigadora do Grupo Letras de Minas, "Mulheres em Letras", da UFMG, e do CLEPUL, da Universidade de Lisboa. angelamrl@gmail.com
Luísa Marinho Antunes - (UMadeira/CLEPUL)
O papel da Viscondessa das Nogueiras na literatura e cultura na Madeira -- dos diálogos e das gerações
Resumo: D. Matilde Isabel de Santana e Vasconcelos Moniz de Betencourt, a Viscondessa das Nogueiras, é uma figura central na cultura madeirense, não só pelas suas ligações com outros autores e intelectuais, mas também por ter sido a inspiradora de diversas personalidades da família que deixaram obra relevante para as letras nacionais. O seu "Diálogos entre uma Avó e sua Neta -- para uso das creanças" (1862) estabelece o início de uma comunicação com a neta, Maria Celina Sauvayre da Câmara, que esta continuará em"De Nápoles a Jerusalém, Diário de Viagem" (1899). Um diálogo de entendimentos, de conhecimento e de profunda preocupação com a educação que fará com que filhos e netas se dediquem às letras e que olhem a Madeira como lugar e oportunidade de saída para o mundo.
Nota curricular: Professora Auxiliar no Centro de Competências de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, academia na qual é docente desde 1994. Fez o Mestrado em Literatura Portuguesa (Faculdade de Letras, UL, 1995), com uma tese sobre “A doutrina da guerra na prosa historiográfica até ao século XV”, e o doutoramento em Literatura Comparada, Literatura Portuguesa e Literatura Brasileira (UMadeira, 2004), com uma tese intitulada O Romance Histórico e José de Alencar, publicada em 2009.
Leciona nas áreas da Literatura Portuguesa e Brasileira, Estudos Literários e Estudos Interculturais (programas de segundo ciclo-mestrado). Publicou a obra Cinco Sentidos Mais 2 – Sobre os Livros (2013), contribuindo de forma assídua com artigos, ensaios e capítulos de livros no domínio da Literatura Comparada. Faz parte da Comissão Científica de revistas como Kamen’- Rivista di Poesia e Filosofia (Itália) e Revista Confluências Culturais (Univille, Brasil). Em 2008, foi convidada pela Fondazione Nazionale Carlo Collodi (Lucca, Itália) como Conselheira Correspondente da Fundação. É igualmente membro da Comissão da Edição Nacional da obra Collodiana, a cargo da Academia Nacional Italiana das Letras, membro da Comissão Científica do Centro Studi Sirio Giannini (IT) E coordenadora do projeto internacional “Estudos do Humor – Perspetiva Multidisciplinar e Multicultural ”. lu.p@live.com.pt
Márcio Matiassi Cantarin (Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba / CLEPUL)
Maria Archer, 1919: uma estréia romântica
Resumo: O objetivo desta comunicação é [1] dar a conhecer a única publicação da escritora portuguesa Maria Archer que foi inserida no Almanaque de Lembranças Luso-brasileiro e [2] problematizar o que essa “quase-ausência” terá significado, principalmente ao considerarmos que essa única entrada da autora em uma publicação que reservava quase tanto espaço às “Senhoras” quanto aos homens, ser destoante quanto ao gênero e temática da restante produção que a escritora encetará a partir de 1935.
Nota curricular: Mestrado em Letras/Estudos Literários pela Universidade Estadual de Londrina (2003) e Doutoramento em Letras/Literatura e Vida Social pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/Assis (2011), como bolseiro da CAPES juntamente com a Universidade de Coimbra, tendo-se defendido uma tese intitulada “Por uma nova arrumação do mundo: a obra de Mia Couto em seus pressupostos ecosóficos”.
Atualmente desenvolve pesquisa pós-doutoral na Universidade de Lisboa. Já trabalhou em diversas instituições públicas e particulares de Ensino Fundamental, Médio e Superior. Atualmente é professor Adjunto nível II na graduação em Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, (campus Curitiba). Também leciona em cursos lato sensu presenciais e à distância e no Programa de Mestrado em Estudos de Linguagens, na mesma instituição. cantarin@gmail.com
Rosana Cássia Kamita (UFSC/CNPq)
Mariana Coelho: literatura e afeto – o caderno de capa verde
Resumo: A proposta deste texto é a de destacar a escritora e feminista portuguesa Mariana Coelho e o papel preponderante que desempenhou no Brasil, em finais do século XIX e primeira metade do século XX. A escritora veio de Portugal em 1892, e, como ela mesma dizia “de lá trazia como herança paterna os princípios de sua vocação literária”. Dentre suas várias publicações, pretende-se ressaltar o livro Um brado de revolta contra a morte violenta, o qual registra uma conferência proferida por ela em 1934, na qual defendia ideais pacifistas. Porém, o maior interesse em relação a esse livro, e que será o destaque nesta apresentação, foi a possibilidade de reconstrução de uma parte importante da biografia de Mariana Coelho. Através da dedicatória a uma sobrinha e, entretecendo literatura e afeto, chegou-se ao caderno de capa verde, cuidadosamente organizado pela escritora, com minuciosos registros desta sua obra.
Nota curricular: Professora Associada da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil), atuando na Graduação em Letras e Pós-Graduação em Literatura. Coordenadora do Grupo de Trabalho A Mulher na Literatura, da Anpoll (Associação Nacional de Pós-Graduação em Letras e Linguística), no biênio 2014-2016. Integrante do Grupo de Pesquisa do Instituto de Estudos de Gênero - IEG/UFSC. Integrante da Editoria de Artigos da Revista Estudos Feministas - REF. Coordenadora do Núcleo Literatual - Estudos Feministas e Pós-Coloniais de Narrativas da Contemporaneidade. Co-Coordenadora do IEG - Instituto de Estudos de Gênero, da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. rosanack@yahoo.com.br
Maria Carlos Lino Aldeia (FLUL/CLEPUL)
Albertina de Lucena e “as cousas pátrias”
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar a escritora Albertina de Lucena, pseudónimo de Maria Albertina de Oliveira Montaury do Nascimento, que viveu entre 1879 e 1950 e publicou poesia e alguma prosa em periódicos da época, de que se salientam os seguintes, Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, A Nação, Ecos da Avenida e Revista Ilustrada. O nosso estudo tem como ponto de partida um resumo da biografia da escritora que, assente sobretudo em elementos recolhidos após investigação, se tornarão a partir de agora públicos, possibilitando a formulação de hipóteses para a construção do perfil da mulher e escritora que a caracterizaria. Seguir-se-á uma abordagem de uma das temáticas da obra da autora, privilegiando-se o tema que se prende com a exaltação da pátria e a nostalgia de um passado glorioso. Procurar-se-á ainda inseri-lo no contexto epocal, procedendo-se a uma breve análise de um corpus, a partir de textos selecionados para esse fim.
Nota curricular: Maria Carlos Lino de Sena Aldeia é Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, Variante de estudos Portugueses e Franceses, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente da Administração Pública, lecionou francês, participa em seminários, congressos, exposições e cursos, de âmbito cultural, integra júris de concursos literários e é Investigadora do CLEPUL / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Grupo de Investigação 6. mclino@netcabo.pt
Adriana Mello Guimarães (IPP/CLEPUL)
Alice Moderno: a emancipação através da imprensa.
Resumo: O que significa ser mulher e jornalista no início do século XX? Essa é uma das questões que vamos procurar responder ao investigar o contributo da açoriana Alice Moderno (1867-1946), uma precursora do feminismo. Além de colaborar com a imprensa local açoriana (como com o Diário dos Açores e a Revista Pedagógica), dirigiu um jornal: o Diário de Anúncios (1892-1893) e foi diretora e fundadora de dois importantes jornais açorianos: O recreio das salas (publicação mensal, noticiosa, científica, histórica, literária, biográfica, bibliográfica e recreativa) e A folha (jornal literário, noticioso e comercial) Palavras chave: Alice Moderno; Jornalismo; Emancipação feminina.
Nota curricular: Mestre em Estudos Lusófonos pela Universidade de Évora, com pesquisa sobre o periódico As Farpas, o jornalismo de Eça de Queirós e o Brasil e Doutora em Literatura pela Universidade de Évora (Portugal), com tese envolvendo Eça de de Queirós, a Revista de Portugal e o problema da modernização cultural. Tem estudos específicos sobre mulheres pioneiras na literatura, nomeadamente Alice Moderno. É professora na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre e participa no Centro de Filosofia Brasileira da UFRJ em relação aos estudos de Filosofia e Literatura de língua portuguesa, sendo também membro do CLEPUL. adrimellog@gmail.com
Teresa Almeida (FCSH) - Oradora convidada
Cláudia de Campos e a literatura de autoria feminina: percursos e intertextualidades
Resumo: Esta comunicação tem três objectivos: em primeiro lugar, sublinha a familiaridade com que Cláudia de Campos se situa dentro do campo da literatura francesa, que funciona como um exílio voluntário, dada a falta de tradição e de representatividade das mulheres escritoras em Portugal; em segundo lugar, ao escolher escrever sobre Mariana Alcoforado, religiosa do século XVII, que teria escrito cinco cartas apaixonadas ao amante francês que a abandonou, e que ela crê ser a autora das Lettres Portugaises - embora, hoje em dia, esta autoria seja contestada -, Cláudia de Campos filia-se numa genealogia literária feminina. Neste sentido, antecipa as Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, que reescreveram a história da religiosa portuguesa, subvertendo-a, como viu Anna Klobucka; em terceiro lugar, pretende-se chamar a atenção para uma espécie de orfandade da literatura portuguesa, escrita por mulheres, que tem vindo a ser colmatada, por exemplo, por Maria Teresa Horta que, no romance As Luzes de Leonor, reescreve a vida e obra da Marquesa de Alorna.
Nota curricular: Teresa Almeida é professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde ensina Literatura Francesa e Teoria Feminista. Investigadora integrada do Elab, pertence à equipa do projecto “O ensino da literatura nas universidades portuguesas: estudo e nova proposta”. É coordenadora executiva do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas Modernas. Tem-se dedicado ao estudo do século XVIII em França e em Portugal, sendo autora de vários artigos sobre esta época. Interessa-se também pela literatura portuguesa contemporânea. teresa.almeida@fcsh.unl.pt
Isabel Rocheta (FLUL/CLEPUL) - Oradora convidada
A arte de contar de Cláudia de Campos
Resumo: Concepção da vida e da literatura por Cláudia de Campos. Educação, equilíbrio e bom senso; Idealismo vs. Realismo. Breve contextualização: tendências literárias na década de noventa em Portugal. Ensaio, impressões e apreciações literárias, e narrativa de ficção; funções da mulher na sociedade. “O Ideal”.
Nota curricular: Maria Isabel Rocheta, licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorada em Letras (Literatura Portuguesa) pela mesma Universidade, é Professora aposentada do Departamento de Literaturas Românicas da FLUL, onde leccionou Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea e Estudos Queirosianos na licenciatura e em cursos de mestrado e doutoramento. Coordenadora da área de literatura e cultura portuguesas do CLEPUL, Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da FLUL, aí dirige a publicação de uma série de antologias críticas do conto português e do conto na lusofonia, e aí lançou a Bibliografia do Conto Português – Séculos XIX-XX (base de dados online). No mesmo Centro de investigação, colaborou no Dicionário de Personagens da Novela Camiliana e coordenou a equipa de investigadores que realizou a edição genética de um autógrafo inédito de Eça de Queirós (A Ilustre Casa de Ramires. Manuscrito autógrafo. Lisboa, 2016). Publicou estudos sobre autores portugueses dos séculos XIX e XX e sobre o ensino da literatura.isabelrocheta@letras.ulisboa.pt
Suzan Van Dijk (Huygens Institute for Dutch History) - Oradora convidada
Isabelle de Charrière in 2019: Commemorating 40 years since the publication of her Oeuvres completes
Resumo: Belle de Zuylen/Isabelle de Charrière (1740-1805) is a Dutch-Swiss writer who published in French: novels, theatre plays, essays. Next to this she was engaged in extensive correspondences, in which she reflected upon what happened in this revolutionary period, the role of literature, the position of writers, and also women’s condition at the time.
During most of the 19th century she was not much read – in spite of Sainte-Beuve’s enthusiasm for her writings, expressed in a series of articles published in the 1840s. But at the end of that century important biographical work was undertaken by Philippe Godet, from Neuchâtel, who published his book early in the 20th century. This generated new attention for Charrière: Claudia de Campos also wrote about her.
However Isabelle de Charrière fell in oblivion again – from which she was “delivered” by the publication of her complete works in 10 volumes, issued between 1979 and 1984. Six of them contain her correspondence (2500 letters). This fact was indeed capital: the volumes were the basis for new biographies (in different languages), and also for translations (into different languages).
In the Netherlands we can say she is now well known, as an interesting and important figure, but her writing in French is certainly an obstacle for potential readers. Therefore we decided some 10 years ago (the Association Isabelle de Charrière and the Huygens Institute for the History of the Netherlands) to make her correspondence available on-line, and to include an option for adding translated versions of the letters. The digitization is now going on, and we plan a solemn presentation of the correspondence (at least the French text with scans of the manuscripts) in 2019: 40 years after the publication of the first volume of the Oeuvres complètes. In my contribution I will present our activities and the intended outcome.
Nota curricular: Estudou Francês e Literatura Comparada na Universidade de Utrecht e da Universidade de Paris IV. Doutorou-se em 1988 pela Universidade Católica de Nijmegen (agora Radboud University Nijmegen) com uma tese intitulada em “Traços de mulheres: Presença feminina no jornalismo francês do séc. XVIII”.
Foi professora de francês no ensino secundário, por mais de vinte anos em tempo parcial, continuando a sua carreira como investigadora na Universidade de Amsterdão e Universidade de Utrecht, tendo colaborado em projetos relacionados com a produção de escrita das mulheres e com a recepção do seu trabalho, com especial atenção a Belle van Zuylen, Isabelle de Charrière e George Sand. Este projecto resultou na elaboração de uma base de dados conjunta intitulada “Women Writers” - Mulheres Escritoras. suzan.van.dijk@huygens.knaw.nl
Federico Bertolazzi (Università di Roma Tor Vergata)
A "velhinha janela" de Adília Lopes: leituras, memórias e paisagens
Resumo: A "velhinha janela" de Adília Lopes. Um olhar feminino entre memória, leitura e literatura. A comunicação visará mostrar como a abordagem da história da literatura e das influências procede, em Adília Lopes, nos termos de uma apropriação em que, entre outros aspectos, é de grande importância a questão de género aliada à memória biográfica.
Nota curricular: Doutorado pela Universidade de Lisboa, é professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Roma Tor Vergata tendo vasta publicação nessa área. federico.bertolazzi@uniroma2.it
Alva Martínez Teixeiro (FLUL/CLEPUL)
Arroubo De Musa’: a citação como inspiração na obra de Laura Erber
Resumo: A pretensão central deste trabalho é analisar criticamente duas das obras literárias da escritora, artista visual e professora Laura Erber (Rio de Janeiro, 1979) como paradigmática negação de uma das perceções convencionais a respeito da literatura nos nossos dias, a do império de uma nova desordem ou crise literária, dominada por um funesto hiperindividualismo e uma não menos sinistra negação arrogante da tradição, realizada, frequentemente, através de exercícios intertextuais desconstrutivos. Perante essa lúgubre interpretação da pós-modernidade, condenada a ser lida à luz uniformizadora do crepúsculo, pretende-se examinar a importância e o significado da intertextualidade na configuração da particular mundividência presente nas obras Os corpos e os dias (2008), pequeno poemário, e Bénédicte vê o mar (2011), pequeno e poético romance gráfico ou, melhor, poemário gráfico, ambas as duas ‘protagonizadas’ por problemáticas mulheres artistas. A comunicação parte, assim, da análise do modo como nessas duas obras, dotadas de um pensamento questionador em que se entrecruzam, do ponto de vista feminino, dois olhares, o da existência e o da criação artística, a reflexão estética e existencial realiza-se a partir da apropriação das vozes e dos exemplos de grandes artistas, muitos deles mulheres. Neste sentido, procura-se examinar e entender a escrita de Laura Erber como admirada homenagem e como fluido diálogo com um heterogéneo ‘jardim das musas’, formado por figuras tão díspares quanto Adília Lopes, Sylvia Plath, Carolina de Jesus, Louise Bourgeois, Maria Zambrano ou Bénédicte Houart, estabelecendo uma certa sororidade artística e um possível continuum entre a visão feminina dos séculos XX e XXI, inseridas numa certa ‘tradição da antitradição’.
Nota curricular: Professora auxiliar de Literatura e Cultura Brasileira na Universidade de Lisboa, é doutorada em Literatura Brasileira pela Universidade da Coruña, com a tese, defendida em 2010, A obra Literária de Hilda Hilst e a Categoria do Obsceno – Entre a Convenção e a Transgressão: o erótico-pornográfico, o social e o espirtitual (Doutoramento Europeu e Prémio Extraordinário), tendo sido bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian (Bolsa de Investigação para Estrangeiros de Cultura Portuguesa, 2011).
Os seus trabalhos de investigação, publicados em artigos e monografias, focam as Literaturas Brasileira, Galega e Portuguesa, assim como as relações entre arte e escrita no mundo contemporâneo. É autora de quatro monografias: Maktub – Da retórica na ficção de Raduan Nassar (2006), A pretensa nostalxia da autoridade – Unha interpretación parcelar d'O porco de pé, de Vicente Risco (Prémio 'Ramón Piñeiro' de Ensaio, 2007), O herói incómodo – Utopia e pessimismo no teatro de Hilda Hilst (2009) e Nenhum vestígio de impureza – A obra literária de Sophia de Mello Breyner Andresen (2013). alvamteixeiro@campus.ul.pt
Luara Pinto Minuzzi (PUCRS)
A construção de duas personagens femininas em A costa dos murmúrios, de Lídia Jorge
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a figuração e a refiguração de duas personagens femininas, extremamente complexas, do romance da escritora portuguesa Lídia Jorge, "A costa dos murmúrios": Eva, juntamente com sua personalidade mais jovem, Evita, e Helena Forza Leal. Essas personagens não são apenas reconstruídas com a mudança da narrativa do conto "Os Gafanhotos" para a segunda parte do livro, narrada por Eva, como igualmente sofrem alterações e mudanças dentro dessa segunda história. São justamente essas refigurações o foco da presente análise.
Nota curricular: Mestre em Teoria da Literatura (2014) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com uma tese intitulada “Mia Couto e a simbologia de embarcações aquáticas: navegar, mais do que preciso, é sonhado”. Atualmente, é doutoranda em Teoria da Literatura, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com bolsa CNPq. As áreas de pesquisa são Literaturas Africanas em Língua Portuguesa e Literatura e Imaginário. luarapm@gmail.com
Cláudia Neves (CLEPUL)
Luzia, a eterna vagabunda
Resumo: Luísa Susana Grande de Freitas Lomelino, cujo pseudónimo era Luzia, nasceu a 15 de Fevereiro de 1875, em Portalegre e faleceu no Funchal a 10 de Dezembro de 1945. Escritora de renome na sua contemporaneidade, sendo inclusive chamada de “Eça de Queirós de Saias”, andou lado a lado com reconhecidos nomes da literatura portuguesa, para além da frequência assídua ao salão de Maria Amália Vaz de Carvalho, relacionou-se também com Fernanda de Castro, Laura Veridiana de Castro e Almeida, Feliciano Soares, Teresa Leitão de Barros, Luís Vieira de Castro, entre outros. A originalidade da sua narrativa e as suas obras, merecem ser estudadas e resgatadas.
Nota curricular: Cláudia Sofia Neves é mestre em Estudos Linguísticos e Culturais (O Reino Encantado de Luzia: A crónica da vivência e a eterna busca do "Eu") pela Universidade da Madeira, e licenciada em Psicologia e Aconselhamento Psicossocial pelo Instituto Superior da Maia. É uma jovem investigadora do CLEPUL, integrada no Grupo de Investigação 3 – Multiculturalismo e Lusofonia – Polo Universidade da Madeira, coordenado pela Professora Doutora Luísa Marinho Antunes. Faz parte da Comissão Organizadora do “Conferências do Teatro: Madeira de A a Z”, que irá decorrer durante todo o ano 2017. Neste momento, está também a trabalhar para o Projeto “AprenderMadeira”, na preparação do Dicionário Enciclopédico da Madeira, bem como no “Madeira a Conhecer”, projeto este que envolve a publicação de obras madeirenses esquecidas no tempo. neves.sofia.c@gmail.com
Fernanda de Castro (CLEPUL)
Matilde Areosa: da escrita caritativa à natura madeirense
Resumo: Matilde Areosa (18??-1917), escritora portuguesa nascida em Coimbra, foi uma das intelectuais que marcou indubitavelmente a segunda metade do século XIX e início de XX. Contemporânea de insignes escritoras como Cláudia de Campos (1859-1916), Emília de Sousa Costa (1877-1959), Ana de Castro Osório (1872-1935), Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921, Virgínia de Castro e Almeida (1874-1945) e de madeirenses como Maria Celina Sauvayre da Câmara (1855/60?-1929), Laura Veridiana de Castro e Almeida Soares (1870-1964) e Luísa Susana Grande de Freitas Lomelino (1875-1945), Matilde Areosa foi imperdoavelmente esquecida devido à fatal inexorabilidade do tempo. Reconhecida, na sua época, essencialmente pela sua escrita de pendor feminista, caritativo e religioso, a obra de Matilde Areosa encontra-se essencialmente dispersa pela imprensa da época, em periódicos da sua terra natal, de Lisboa, do Brasil, designadamente Rio de Janeiro e Manaus, e da Madeira. Nesta ilha, arrecadou elogios e ganhou afeição pelos madeirenses e pela natureza, acreditando que os meios para atingir a plenitude e a liberdade passavam pela práxis da educação e do amor ao próximo.
Nota curricular: Fernanda de Castro é licenciada em Ciências da Cultura e mestre em Estudos Linguísticos e Culturais pela Universidade da Madeira, com a dissertação de mestrado intitulada Utopia e Distopia: Testemunhar o Mundo em Pepetela (estórias de cães, montanhas e predadores), defendida em maio de 2014. Foi repórter e diretora de redação do Jornal Académico. Participou no programa de rádio Voz na Matéria, uma parceria entra a TSF e a Associação Académica da Universidade da Madeira. Colaborou na coluna “5 Sentidos” do Diário de Notícias e na secção “Rumo a Sudoeste” do Semanário Tribuna da Madeira, no âmbito das comemorações Portugal – Brasil. Colaborou no programa Pátio dos Estudantes, da RTP-M e AAUMa, em estreita colaboração do CLEPUL, na rubrica de investigação “Palavras & Números”. Tem artigos publicados no domínio das Literaturas e Culturas Lusófonas, sendo esta a sua área de estudos. É, atualmente, jovem investigadora do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) e participa no projeto “Aprender a Madeira”, nomeadamente no Dicionário Enciclopédico da Madeira. castrofernanda@live.com.pt
Dalila Milheiro (UAberta/CEMRI)
Soror Clara do Santíssimo Sacramento: a escrita de autoria feminina como “metáfora dos sentimentos”
Resumo: No âmbito da celebração do centenário da morte de Cláudia de Campos, é nossa intenção evocar Antónia Margarida de Castelo Branco que renunciou à sua vida secular e entrou para o Convento da Madre de Deus, em Lisboa, tornando-se Soror Clara do Santíssimo Sacramento. Esta religiosa-escritora portuguesa barroca escreveu a sua autobiografia espiritual Fiel e Verdadeira Relação…,entre 1685 e 1703, deixando um testemunho da sua história de vida que surge como uma forma de se conhecer melhor e de expiar os seus pecados, embora o processo de escrita tenha sido difícil. A descoberta desta mulher com um percurso único faz-nos querer dar a conhecer mais sobre a sua vida e os seus sentimentos expressos na sua escrita. Nesse sentido, pretendemos destacar esta voz feminina peculiar. Mas afinal quem foi esta mulher “invencioneira e singular”? A sua história de vida, na primeira pessoa, traz-nos a paixão e o sofrimento, arranca o silêncio através da palavra que ecoa há mais de 300 anos numa escrita perturbada e moldada pelas emoções. Consideramos que destacar esta mulher é contribuir para a reflexão sobre a autoria feminina num quadro mais amplo, recuando ao século XVII-XVIII, num tempo em que, contra a tradição, as mulheres estavam excluídas da ordem do saber e da palavra. A abordagem da nossa proposta de comunicação integra-se, assim, no eixo temático da escrita e da memória na medida em que pretende destacar a autobiografia enquanto documento valioso tanto a nível humano como epocal, apresentando-se como representativo do percurso individual que expõe anseios e dúvidas numa reflexão introspetiva. Os dramas pessoais revelam-se através de uma voz que deixa a descoberto o modo de ser, estar, pensar e sentir. Ao escrever a relação da sua vida Clara do Santíssimo Sacramento “dá à luz a si mesma”. Desta forma, a escrita surge como “metáfora dos sentimentos”, encontro com a identidade e uma forma de afirmação no feminino. Tal como escreveu Cláudia de Campos “A vida do escriptor, aquillo que realmente póde interessar e que de melhor elle possue, quer dizer, a vida interior e ideal, está toda contida nos seus livros” (CAMPOS: 1901, 167) e, nesse sentido, sublinhamos a importância desta autobiografia e da sua autora enquanto contributo embrionário da escrita das mulheres portuguesas.
Nota curricular: Doutoranda em Estudos Portugueses, Especialidade em Literatura e Cultura Portuguesas na Universidade Aberta. Mestre em Estudos sobre as Mulheres pela Universidade Aberta (2004). Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1993). Formadora nas áreas e domínios das Didáticas Específicas (Português) e em Educação e Multiculturalidade (2004). Investigadora do Centro de Estudos e das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI) da Universidade Aberta, no Grupo de Investigação em Estudos sobre as Mulheres – Género, Sociedade e Cultura. dalilamilheiro@sapo.pt
Odalice de Castro Silva (Universidade Federal do Ceará) - Oradora convidada
Alba Valdez: uma escritura desarquivada
Resumo: Esta Proposta tem o objetivo de trazer à divulgação e discussão as etapas primeiras de investigação sobre Alba Valdez, pseudônimo de Maria Rodrigues Alves Peixe (1874 – 1962), professora, escritora e jornalista cearense, associando-se às contribuições de Girão (1987), Andrade (1974), Maria (2007), para tornar possível a apresentação de sua individualidade no cenário social, cultural, político, ideológico e literário em que viveu e atuou (Candido: 1959). Além de sua participação como jornalista e educadora, esta Pesquisa pretende destacar a conquista de uma linguagem que a inseria a um sistema literário nos começos do século XX, elaborando uma escrita híbrida, com a qual marcará a diferença de seu discurso: Em sonho (1901) e Dias de Luz (1907). A Metodologia necessária para o desenvolvimento deste Projeto parte das “ligações difíceis” entre vida e obra, levanta as contribuições para jornal que tornaram Alba Valdez uma voz de seu tempo, para analisar e interpretar os trabalhos acima referidos como aqueles que efetivamente a incluem entre os que cultivaram um discurso complexo como o da memória ficcionalizada. Para descrever e analisar a figura de Alba Valdez, partimos de alguns elementos pertinentes a Pesquisa deste tipo: lidamos com uma memória repartida em fragmentos (Seligman-Silva, 2002), com textos de outros sobre uma vida recortada (Grésillon, 1991), fragmentos e recortes de uma vida arquivada. De dentro de uma “dinâmica de linguagens” (Castro e Silva: 2013), como um “dispositivo de resistência” (Foucault: 1972) para a existência e atuação de Alba Valdez é que este trabalho defende o seu desarquivamento.
Nota curricular: Graduada em Letras/Francês pela Universidade Federal do Ceará (1969), e em Letras/Italiano pela mesma instituição (1972), é especialista em Investigação Literária pela Universidade Federal do Ceará (1986). É mestre em Letras pela Universidade Federal do Ceará (1991) e de Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998), com trabalhos em torno da obra de Osman Lins.
Atualmente é Professora Associada IV da Universidade Federal do Ceará, ministrando as disciplinas de Teoria Literária e Literatura Comparada na graduação e na pós-graduação. Entre 2010 e 2011, como professora visitante, participou dos trabalhos de constituição e inauguração das atividades acadêmicas do Centro Cultural Rachel de Queiroz, junto ao Centro Mundo Lusófono, instituto agregado à Universidade de Colônia (Alemanha). É Membro de corpo editorial da MOARA e possui mais de uma centena de artigos publicados e várias obras publicadas. ocastroesilva@gmail.com
Maria Eunice Moreira - (PUCRS) - Oradora convidada
Cândida Fortes Brandão, Cartas a Lúcia
Resumo: Segundo o folclorista sul-rio-grandense, Paixão Côrtes, a expressão mulher de faca na bota é aplicada para caracterizar uma mulher aguerrida e capaz de enfrentar dificuldades. Serviu no passado para definir a mulher gaúcha, que tomava decisões quando o homem ia para a guerra. A origem da expressão é muito antiga e se perde no tempo: para se defender de homens inconvenientes, as prostitutas traziam na bota uma pequena faca e com ela repeliam ataques indesejados. A expressão é comum, atualmente, no Rio Grande do Sul, e aplicada às mulheres decididas, que emitem sua opinião livremente e que definem seu lugar numa cultura historicamente masculina, tendo em vista as atividades de pastoreio e guerra que marcaram o território rio-grandense, em suas origens. Cândida Fortes Brandão pode ser entendida como uma escritora de “faca na bota”. Em Cartas à Lúcia, conjunto de artigos publicados no jornal O Comércio, de Cachoeira do Sul (RS), entre 1905 a 1906 expõe suas ideias femininas, através de textos educativos e de conselhos às mulheres, com a intenção de atingir aos interesses do universo feminino. A contestação às suas cartas chega através de outro jornal da mesma cidade, O Rio Grande, apresentando ideias opostas às suas. É também nesse conjunto de artigos que a jornalista e também escritora tem oportunidade de discutir seu posicionamento em relação ao Espiritismo, doutrina que avançava no Brasil no final do século XIX. Privilegiando as Cartas à Lúcia sobre as demais produções da autora, esta comunicação traz à luz algumas ideias das mulheres rio-grandenses, professoras, jornalistas e escritoras que viviam no interior da Província, mas se mostravam atentas aos eventos sociais, políticos e religiosos que transitavam pelos grandes centros, divulgando seu posicionamento vanguardista e emancipador.
Nota curricular: Professora titular da Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tem graduação em Letras (1976) e graduação em Ciências Jurídicas e Sociais. Cursou Especialização em Teoria Literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1977), sendo Mestre em Linguística e Letras (Teoria Literária) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1979) e Doutorada em Linguística e Letras (Teoria Literária) pela mesma instituição (1989), com uma tese intitulada “Nacionalidade e Originalidade: A formação da literatura brasileira no pensamento crítico do Romantismo”.
É Coordenadora do Curso de Especialização em Literatura Brasileira, da Faculdade de Letras da PUCRS, editora da revista Letras de Hoje (A1), do Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), desde 2007, e editora da revista binacional Navegações – Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa (A2), do mesmo Programa, juntamente com Vania Pinheiro Chaves, da Universidade de Lisboa, desde 2007. É membro do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) das Universidades de Lisboa. mem.poa@terra.com.br
Marie Nedregotten Sørbø (Volda University) - Oradora convidada
Dorothe Engelbretsdatter: The fights of the first poetess in Denmark-Norway
Resumo: Three centuries have passed since Dorothe Engelbretsdatter died (1634-1716), a poet much read until modern times, although her reception has alternated between celebration and denigration. Twenty-six editions of her main work bear witness to a longstanding readership in Scandinavia. Her two collections, ‘The Song-Offering of the Soul’ (Siælens Sang-Offer) (1678) and ‘Tear-Offering’ (Taare-Offer) (1685) were acclaimed by contemporary male and female writers, but the success did not come easy. She had to defend herself against accusations of plagiarism as well as pirate publishing, and she fought at times fiercely for her livelihood and her home as a poor clergyman’s widow. Remarkably, she was awarded a kind of copyright, a royal privilege to control the printing of her books for ten years at a time.
She developed a deliberately female discourse, arguing her case as a woman poet among the better educated men. It is a strategy we recognize from other European and American female authors of the same time. Her status today is paradoxical; while recent canonizers have tended to neglect her, her texts are still alive as songs. Originally published with sheet music, some of them are still performed and recorded in different musical genres. Dorothe Engelbretsdatter’s poetic voice rings strong and clear after three hundred years, and it is unmistakably a woman’s voice.
Nota curricular: Professor Dr. Marie Nedregotten Sørbø teaches English Literature at Volda University College, Norway. She is the author of Irony and Idyll: Jane Austen’s Pride and Prejudice and Mansfield Park on Screen (Rodopi 2014). Her second monograph, Jane Austen Speaks Norwegian: The Challenges of Literary Translation, is forthcoming (Brill 2017). She has contributed the Norwegian chapters to the volumes on Jane Austen and George Eliot in The Reception of British and Irish Authors in Europe series (2007 and 2016 respectively). Sørbø is member of the NEWW network, former member of the COST Action Women Writers in History, and for the last three years, she has been Principal Investigator for Norway in the project HERA Travelling Texts 1790-1914. mns@hivolda.no
Fábio Varela Nascimento - PUCRS
O retrato difuso de Duarte Pacheco em A cova do lagarto, de Filomena Marona Beja
Resumo: No romance A cova do lagarto, de 2007, a escritora portuguesa Filomena Marona Beja coloca em cena um nome significativo quando se trata do Estado Novo salazarista: Duarte Pacheco. O engenheiro que ocupou os ministérios da Instrução Pública, das Obras Públicas e Comunicações e foi um dos responsáveis pela arquitetura estadonovista é apresentado, na narrativa, de modo ágil e fragmentado. A agilidade e a fragmentação se mostram como as grandes tônicas da obra e são pontos fundamentais para o retrato difuso e escorreito de Pacheco que Filomena Beja tenta compor. Tento em vista esses traços de A cova do lagarto, a relevância e o caráter fronteiriço da obra - entre literatura e história -, esta proposta de comunicação busca analisar a construção ficcional do personagem de Duarte Pacheco e seu diálogo com outros personagens caros à história portuguesa: António de Oliveira Salazar, Infante Dom Henrique e Dom Sebastião.
Nota curricular: Mestre em Teoria da Literatura, com bolsa CAPES, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com a dissertação Literatura e história em 'Gaúchos no obelisco', de Cyro Martins e Doutorando em Teoria da Literatura na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com bolsa CNPq, intitulada “Um intelectual campo fora: Cyro Martins (1908-1995)”. A literatura sul-rio-grandense e as relações entre literatura e história são os principais focos das pesquisas e dos trabalhos realizados. fv.nasci@gmail.com
Alda Maria Lentina (Dalarna University)
Cláudia Campos: images et états de femmes dans le Portugal fin-de-siècle
Resumo: Dans cette étude, nous nous proposons d’aborder le roman de Cláudia Campos, intitulé « Elle » (1898), traduction de lui/il en français, et dans lequel paradoxalement l’auteure semble plutôt s’intéresser aux multiples visages et destinées « d’elles au pluriel » qu’aux personnages masculins annoncés par le titre. De manière remarquable, la romancière parachève ici une illustration des différentes possibilités d’existence offertes aux femmes au XIXème siècle. Ainsi, son roman pourrait servir d’illustration aux différents « états de femmes » structurant l’identité féminine dans les romans de la culture occidentale au XIXème siècle tels que définis par Natalie Heinich. A travers différents personnages féminins, parfois antagoniques, tels que son personnage principal, Cléo, Viscondessa de Mello, et les filles de la famille Guedes, entre autres, l’auteure révèle comment s’articulent les configurations féminines et comment se structurent les passages d’une position/état à l’autre dans la société. En définitive, elle met à nu ce que M. Foucault qualifie de « champs des possibilités stratégiques » offerts aux femmes par et dans la société portugaise au XIXème siècle. Par ce biais, l’œuvre de C. Campos pose les jalons d’un questionnement de l’identité féminine dans le Portugal fin-de-siècle, annonçant, d’ores et déjà, des voix féministes telles que celle d’Ana Castro Osório qui proclame une décennie plus tard : “O homem português não está habituado a deparar no caminho da vida com as mulheres suas iguais pelas ilustrações, suas companheiras de trabalho, suas colegas na vida pública; por isso as desconhece, as despreza por vezes, as teme quasi sempre.” (1905)
Nota curricular: Professora Auxiliar na Universidade de Dalarna, Suécia, é doutorada pela Universidade de Paris-Sorbonne, Paris IV, com uma tese intitulada Agustina Bessa-Luís et l´écriture de l’Histoire (2012), orientada pela Professora Dra Maria Graciete Besse e para a qual beneficiou de uma bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
É membro permanente do Centro de Pesquisas Kultur, identitet och gestaltning (KIG) – Grupo Litteratur, Identitet och Transkulturalitet (LIT), na Universidade de Dalarna e do Centre de Recherches Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains (CRIMIC), na Universidade de Paris-Sorbonne, Paris IV.
Áreas actuais de pesquisa: Literatura dos países lusófonos, História das mulheres, Imagens e Representações do feminino e do masculino, “Ecriture-femme”, Alteridade, pós-modernidade, Identidade nacional e Desconstrução, “Gender Studies” e “Postcolonial studies”. alt@du.se
Angela Gasparetti (PUC-SP)
The poetry of Narcisa Amália de Campos as an emancipatory instrument in the conservative nineteenth-century Brazil
Resumo: Sob a perspectiva da reflexão sobre a condição feminina na produção de literatura em língua portuguesa, na segunda metade do século XIX, destaca-se a poeta, professora, tradutora e primeira jornalista brasileira Narcisa Amália de Campos, nascida em São João da Barra, Rio de Janeiro, em 1863. Enquanto mulher contrariou normas estabelecidas às pessoas de seu gênero, na busca pela emancipação da mulher constantemente reprimida pelos preconceitos sociais; e, enquanto escritora revelou-se uma artista questionadora, inquieta com seu tempo, com sua condição, recusando o silêncio e o acomodamento para denunciar a violência, os abusos e as desigualdades explícitas contra mulheres, por meio de seus textos, de sua palavra. Seus poemas, considerados da terceira geração romântica, carregavam temas originais com exploração da temática política e humanista, além da exuberante poesia lírica. Assim, por ocasião do centenário de morte da escritora Cláudia de Campos, celebrada nesta Conferência, o presente trabalho tem por objetivo dar voz à manifestação feminina na literatura brasileira no século supracitado, na figura da escritora Narcisa Amália (também) de Campos, por meio da apresentação e análise de sua poesia. Embora tenha recebido menções na imprensa e nos jornais da época, tenha publicado em Portugal, sua produção, assim como também de outras escritoras de seu tempo, não se transformou em objeto de estudos nos programas curriculares escolares e universitários, fato que somente se dará com escritoras brasileiras a partir da terceira década do século XX.
Nota curricular: Professora de Literatura Brasileira e Literatura Infanto-Juvenil, no curso de Letras, e de Pesquisa em Educação, no curso de Pedagogia, da Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, S.P, possui graduação Letras (1978), em Pedagogia (1986), especialização em Tecnologias Interativas Aplicadas à Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também, em 16/10/2012, obteve o título de Mestre em Literatura e Crítica Literária. Atualmente, atua como pesquisadora no grupo de pesquisa Estudos de Poética: Interconexões Diacrônico-Sincrônicas na Poesia Brasileira e Portuguesa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pelo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. amgasparetti@gmail.com
Isabel Lousada (CICS.Nova/CLEPUL)
Apresentação da reedição de Ele (2016)
Isabel Lousada é investigadora auxiliar de nomeação definitiva da FCSH e membro integrado da equipa de investigação CICS.Nova - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa e colaboradora do CLEPUL, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É Mestre (1989) e Doutora (1999) em Estudos Anglo-Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa, tendo terminado em 2008 o Curso «Techpreneur-Entrepreneurship training» ministrado pelo Nova Forum - Faculdade de Economia UNL. Concluiu em 2009 o 1.º Curso de Pós-Graduação em Administração Pública e Sociedade.
Fez parte da network - NEWW - New European approaches to European Women's Writing in History e da Cost Action ISO 901 - Women Writers in History - Toward a New Understanding of European Literary Culture.
Em 2010 foi eleita membro da AMONET – Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas –, sendo actualmente secretária da direcção; membro da Sociedade de Geografia de Lisboa – como vogal da Secção de História da Medicina, sendo também Conselheira da Comissão Nacional do MDM – Movimento Democrático de Mulheres – e membro da Associación Española de Investigación Histórica de las Mujeres. iclousada@gmail.com
Sandra Patrício (CMSines)
Apresentação da reedição de Ele (2016)
Sandra Cristina Patrício da Silva licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 2004, instituição onde concluiu o Curso de Especialização em Ciências Documentais, Arquivo, em 2006. É mestre em Ciências da Informação e da Documentação na Universidade de Évora, sob o tema da Avaliação de Documentos de Arquivo, com a dissertação O Que o Estado Português Quis Guardar em 17 de Abril de 2011 e doutoranda na Universidade de Lisboa, estudando o sistema de arquivo da Câmara Municipal de Sines.
Desde 2005 é responsável pelo Arquivo Municipal de Sines, onde coordena a organização, em curso, do sistema de arquivos da Câmara Municipal de Sines (Arquivo Geral, Arquivo Histórico, Arquivo dos Serviços Técnicos), de forma a possibilitar a gestão integrada de arquivos correntes e definitivos. Tem vindo também a coordenar a elaboração dos instrumentos de descrição do Arquivo Municipal de Sines, acessíveis no sítio electrónico da Câmara Municipal de Sines e o Serviço Educativo do Arquivo Municipal, integrado no Centro de Artes de Sines.
Publicou, em 2016, a obra Santa Casa da Misericórdia de Sines: 500 anos de História, relativa à história da instituição e à história social do concelho de Sines. spatricio@mun-sines.pt
Maria Mota Almeida (ESHTE/IHC)
Sines na obra Elle: um passeio com Claudia de Campos
Resumo: O presente trabalho pretende sensibilizar, mediante um estudo de caso, para a importância que o património literário detém na valorização de uma localidade. Partimos da obra Elle, escrita por Claudia de Campos e publicada em 1899, para propor um itinerário pelo património sineense que a autora aborda na sua obra.
Nota curricular: Mestre em Museologia com a dissertação “A Realidade Museológica no Concelho de Sintra: contributo para o seu estudo”, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2006) e Doutorada em Museologia com uma tese subordinada ao tema “Um Museu – Biblioteca em Cascais: pioneirismo mediado pela ação cultural e educativa”, defendida na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2013). mariamotal@gmail.com
Alcina Maria Pereira de Sousa (UMadeira)
Female voices in a continuum: the contribution by Susan Lilian Townsend (1946-2014)
Resumo: Taking as a leitmotiv for this paper, the thematic proposals for this conference, and in the line of the crisscrossing reflections on culture, society, writing, identity and memory, we intend to reflect shortly upon Susan Townsend’s writing, with a special focus on the social and literary relations which she has built over four decades in youngsters’ and young adults’ imagination all over the world, evidenced, particularly, in Adrian Mole’s fictional diaries, translated into 48 languages and having sold 10 million copies. In an obituary note on the author in the English newspaper The Guardian, it is highlighted the typically British humorous dimension, guiding Adrian’s narratives (called witty dialogue, with puns and plays on language), coupled by the social satire, the allusion to mythical figures, including Pandora, and the reflections of a teenager about canonical and non-canonical texts. These are the issues to be briefly exposed in this paper.
Nota curricular: Alcina Maria Pereira de Sousa é doutorada em Linguística Inglesa – Linguística Aplicada (2005) com nomeação definitiva desde 2011. Leciona na Universidade da Madeira desde 1993. Foi diretora de curso (licenciaturas pré- e pós-Bolonha) na área dos estudos ingleses, Estudos Ingleses e Relações Empresariais, coordenadora Erasmus, entre outros cargos. Tem desenvolvido investigação na área da análise do discurso (com o recurso à linguística de corpus), comunicação em turismo, língua e identidade, estilística, tendo coorientado teses de mestrado e doutoramento e proferido palestras a nível nacional e internacional (também como professora convidada e pesquisadora). É membro da comissão científica da INVTUR 2010-2016 e fez parte do Projecto GENTOUR / FCT da Universidade de Aveiro, entre outros. É investigadora do CEAUL/FCT, da ENIEDA, investigadora colaboradora do CLEPUL /FCT, representante da Poetics and Linguistics Association em Portugal, vice-presidente da AICA / Madeira, e membro da comissão redatorial de revistas científicas internacionais e nacionais (cf. http://www.ulices.org/g1-estudos-ingleses-literatura/alcina-maria-pereira-de-sousa.html; http://www.enieda.eu/index.php/alcina-sousa; https://www.researchgate.net/profile/Alcina_Sousa)
Isa Severino (IPG)
Alejandra Pizarnik – corpo e sexualidade
Resumo: Neste colóquio dedicado ao Centenário de morte de Cláudia de Campos (1859-1916) Cultura, Literatura, Memória e Identidades, pretendemos propor uma aproximação à obra da escritora argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972), autora de um vasto diário e de uma obra poética infratora que estabelecem entre si um cúmplice diálogo, na medida em que constituem espaços de fabricação e de ficcionalização do eu.
No âmbito desta comunicação, tencionamos centrar a nossa atenção em torno das questões relativas ao tratamento do corpo, capturando imagens que a autora nos viabiliza do mesmo. Associada à temática do corpo, existem elementos – boca e mãos – que adquirem uma crucial importância na sua representação, observando-se igualmente a correspondência que a autora estabelece entre o seu corpo e alguns animais mamíferos. Ainda neste contexto, não podemos esquecer as insinuações eróticas que perpassam os textos alejandrinos, manifestando, por vezes, o explícito desejo de uma revolta implícita que lateja e brota em fúria.
Nota curricular: Isa Margarida Vitória Severino é Professora Adjunta do Instituto Politécnico da Guarda. Doutorada em Literatura na Universidade de Aveiro. Mestre em Estudos Portugueses (Linguística) pela Universidade de Aveiro. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas - Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Tem participado em diversos congressos nacionais e internacionais (Salamanca, Santiago de Compostela, Macau, Rio de Janeiro, Florianópolis e Leeds), tendo publicado os seus artigos em atas de congressos e revistas científicas. Membro do CPNq, com o grupo Figurações do feminino et alii, sob coordenaçãoo da Prof. Doutora maria Lúcia Dal Farra. Membro da UDI – Unidade de Investigação para o Desenvolvimento d o Interior. isaseverino@gmail.com
Cátia Sever (FLUL)
Anatomia do esquecimento – do retrato ao auto-retrato no feminino
Resumo: Através da apresentação de uma breve recolha de auto-retratos de artistas portuguesas, nomeadamente de Aurélia de Sousa (1866–1922) e de Helena Almeida (1934–), pretendemos abrir caminho para uma série de reflexões em torno da obra de Cláudia de Campos. Tomando como ponto de partida a procura identitária de Cléo, protagonista de Elle (1898), procurar-se-á definir os contornos da analogia entre auto-retrato literário e pictórico. Mais precisamente, tentar-se-á averiguar em que medida o retrato, enquanto estratégia de auto-representação, pode operar como forma de materialização do sujeito, constituindo assim um meio de confrontar o esquecimento e a invisibilidade. Veremos ainda quais são os critérios que, na memória colectiva, determinam que certas obras – em particular de autoria feminina – sejam votadas ao esquecimento.
Nota curricular: Licenciada em Línguas e Literaturas Portuguesas - Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2003); pós-graduação em ensino - ramo de formação educacional (2005). Professora de Português Língua Estrangeira no Instituto Camões de Paris (entre 2006 e 2011). Mestre em Literatura Portuguesa pela Universidade Paris IV – Sorbonne. Dissertação sobre História e Mito na obra O Milagre Segundo Salomé de José Rodrigues Miguéis (2011). Leitora de Língua e Literatura Portuguesa nas Universidades Paris X – Nanterre (2009-2011) e Paris IV – Sorbonne (2013-2015). Doutoranda em Estudos Românicos - Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – Tese sobre a dimensão autobiográfica na obra de José Rodrigues Miguéis (em curso - desde 2015). Principais áreas de interesse / domínio de investigação: literatura contemporânea, estudos da memória, formas de auto-representação na literatura e nas artes. catiasever@gmail.com
Fátima Mariano (IHC/FCSH)
Vagabunda - Memórias da Grande Guerra pela pena de Mercedes Blasco
Resumo: Quis o Destino, no dizer da própria Mercedes Blasco, que a actriz e escritora portuguesa se encontrasse em Liège quando as tropas alemãs invadiram aquela cidade belga em Agosto de 1914. Durante quatro anos, assistiu à destruição da cidade onde vivia com o marido e os dois filhos, à morte de amigos, vizinhos e do próprio filho mais velho, ao terror infligido pelo inimigo, à forma heróica como os belgas se bateram. Passou fome, voluntariou-se na Cruz Vermelha belga, viu o filho mais velho morrer mas recusou trabalhar para os Alemães em nome de um valor mais alto: a Pátria. São estas memórias que Mercedes Blasco (pseudónimo de Conceição Vitória Marques) nos relata em Vagabunda, livro publicado em 1920, depois do seu regresso a Portugal. Com esta comunicação, propomo-nos retratar a figura de Mercedes Blasco a partir deste seu testemunho sobre a guerra vivida por dentro, um testemunho único na literatura portuguesa deste período, que nos traz um outro olhar sobre o conflito e sobre o que é ser mulher em tempo de guerra.
Nota curricular: É jornalista desde 1997 e investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHC-FCSH/NOVA) desde 2001. Licenciada em Ciências da Comunicação, variante de Jornalismo, e mestre em História Contemporânea pelo mesmo estabelecimento de ensino. Encontra-se a concluir o seu projecto de doutoramento, também na FCSH/NOVA, sobre a reivindicação do voto feminino na Península Ibérica. É autora de As Mulheres e a I República (Caleidoscópio, 2011), que resultou da sua dissertação de mestrado sobre a génese do movimento feminista português. Integra o projecto Portugal1914.org, que pretende evocar o centenário da participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Tem participado em vários congressos em Portugal e no estrangeiro com temas relacionados com as suas principais áreas de investigação: a condição da mulher na I República e os prisioneiros portugueses da Grande Guerra. fatima.mariano@gmail.com
Anna Faedrich (UNIRIO)
Literatura brasileira de autoria feminina no século XIX: a importância de Narcisa Amália
Resumo: Narcisa Amália (1852-1924), poeta e jornalista fluminense, publicou um único livro de poesias intitulado Nebulosas (1872), traduziu autores franceses, como Georg Sand, e atuou na imprensa periódica do século XIX. Os poemas de Narcisa dialogam com as três gerações poéticas do Romantismo Brasileiro. Este trabalho pretende mostrar o valor estético e literário da obra de Narcisa, os possíveis diálogos com os seus contemporâneos e, sobretudo, compreender o apagamento da literatura de autoria feminina das nossas histórias literárias.
Nota curricular: Professora Substituta da UNIRIO e professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da UERJ, sendo também tutora da disciplina Literatura Comparada.
Foi Pesquisadora Residente na Fundação Biblioteca Nacional (RJ), sendo pós-doutorada pela UFF, onde realizou pesquisa sobre autoficção e literatura brasileira contemporânea. Realizou Estágio de Doutoramento Sandwich na Université Sorbonne-Nouvelle - Paris 3, com bolsa CAPES. A sua área de interesse centra-se na Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, especialmente nos temas da Autoficção e das escritoras entre 1870-1930. anna.faedrich@gmail.com
Lenita Estrela de Sá (Escritora)
Mulheres do Maranhão – personalidades históricas presentes na ficção de Lenita Estrela de Sá
Resumo: The article aims to make a brief reflection regarding the effort towards women’s emancipation in the state of Maranhão, Brazil, during XIX century, based on the literary conception of three real historic characters – Ana Jansen, a political leader; Maria Firmina dos Reis, a writer; Catarina Mina, an ex-slave who became a successful merchant – in literature authored by Lenita Estrela de Sá. The goal of the present text is to emphasize how these women have contributed to a new female behavior in the country.
Nota curricular: Romancista, contista, poeta, dramaturga e roteirista, graduada em Letras e Direito, com pós-graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Materna e Estrangeira.
A sua obra Ana do Maranhão foi Prémio Arthur Azevedo, concedido pela Universidade Federal do Maranhão,1980, e Prémio Brasília de Teatro, concedido pela Fundação Cultural do DF, Governo do DF, Secretaria de educação e Cultura do DF e INL - Instituto Nacional do Livro - por unanimidade, 1981.
Participou das seguintes antologias: Antologia Guarnicê (1984); Novos Poetas Do Maranhão (1988); As Aves que Aqui Gorjeiam – Vozes Femininas na Poesia Maranhense (1993); Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, organizado por Nelly Novaes Coelho (2002).
As suas peças teatrais A Filha de Pai Francisco e Ana do Maranhão têm sido objeto de monografias de graduação, respectivamente, nos cursos de Letras da Universidade Estadual do Maranhão e da Universidade Federal do Maranhão. lestrelasa@hotmail.com
Elisangela Steinmetz (FURG)
Um olhar sobre o feminino – Elle
Resumo: Dada uma realidade social onde não raro predominou o Patriarcalismo, as mulheres por um longo período de tempo tiveram as suas vozes predominantemente silenciadas no decurso da história. Sendo a sua rotina, os seus pensamentos, as suas lutas, conquistas e/desventuras destinadas a residir na casa do esquecimento. No entanto, algumas mulheres no domínio da arte da escrita, seja através de seus diários, de suas correspondências ou de sua produção literária crítica e ficcional, ultrapassaram as barreiras impostas por um tempo e uma sociedade e deixaram-nos as marcas dessa história, permitindo que suas vozes alcançassem nossa época. Considerando, então, que o escritor sempre elabora suas personagens dentro daquilo que é soma de sua imaginação e observação do mundo que o cerca e que "a personagem é sempre uma configuração esquemática, tanto no sentido físico como psíquico, embora formaliter seja projetada como um indivíduo "real", totalmente determinado" (Antonio Candido) e considerando, também, os textos críticos de Virginia Woolf e Michelle Perrot (referentes à trajetória das mulheres), propomos um breve exame da obra Elle, da escritora Claudia de Campos. No intuito de observar como em seu processo de escrita ela nos desvela um universo feminino, desde os pequenos gestos "Acabava ella de segurar com alfinetes de ouro o cinto do vestido, em linho claro, bordado a branco" aos mais íntimos sentimentos "alteraram-lhe o caracter, produziram-lhe brutas revoltas, radicaram-lhe fataes descrenças, atiçaram-lhe violentos odios (...) Sentiu-se illudida" (Claudia de Campos); pois é na incessante relação entre o passado e o presente que se desenham os próximos passos.
Nota curricular: Elisangela da Rocha Steinmetz é formada em Letras e possuí especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Atualmente cursa o mestrado em História da Literatura na Universidade Federal de Rio Grande, onde estuda o fantástico nos contos de Florbela Espanca. Atua como professora de Literatura na rede estadual de ensino do estado do Rio Grande do Sul. Foi uma das organizadoras da antologia de contos Estranhas Ficções de Tempo, Morte e Utopia (2014) onde também teve contos seus publicados. É coautora do romance Apolinário e Esmê - Luz e sombra no paralelo 30 (2009). E tem participado com comunicações e publicações de artigos em vários eventos literários no Brasil e no exterior. lizestein@yahoo.com.br